Páginas

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Falando em graves...

          Normalmente, quando falamos em canto e técnica vocal, pensamos apenas em agudos, gritos e coisas altas em geral, por exemplo, se citarmos o nome Mariah Carey, só nos vem em mente aqueles Whistles dela (vídeo1), mas ninguém fala nos graves maravilhosos que ela emite (vídeo2). É justamente por não falarmos muito em graves, que nos deparamos constantemente com cantores que cantam bem nos agudos, mas ao descer um pouquinho começam a derrapar nos médios e graves, às vezes até alcançando as notas, mas desagradando aos ouvintes. Para emitir graves tem que fazer com propriedade. Para subir, gritar, “beltar” e “falsetear” a gente estuda até nos cansarmos das escalas, para graves a perseverança deve ser a mesma.
          Não sou perito em graves, normalmente prefiro não me arriscar em notas baixas uma vez que sou tenor, mas vou dar algumas dicas sobre como emitir notas graves, de uma forma simples (iniciante).
  • A técnica básica para graves no canto popular é o FALSETE GRAVE. O segredo é deixar a voz ir descendo com a laringe bem relaxada, sem forçar a musculatura em absolutamente nada, a impressão que temos é que conforme fica mais grave sai mais ar do que som em si (é assim mesmo);
  • É essencial que a boca fique ovalada e que haja uma sensação de vibração no peito, para manter o som bem fechado e sombrio como é o ideal do grave;
  • Outra coisa importante é não ir abaixando a cabeça como normalmente fazemos, mas manter o pescoço reto e principalmente sem tensionar a musculatura;
  • Com o tempo você vai acostumar e conseguira dar mais potência aos seus graves, mas no começo é só a beleza do som soproso que deve ser buscada.
          Se observarmos a Yolanda Adams cantando (video3 em 1:26), perceberemos que ao emitir notas graves ela abre bastante a boca, então apesar dos agudos potentes e fantásticos ela adquire um grave envolvente e volumoso. Vamos voltar a citar Mariah Carey, perceba que as notas graves dela são cansadas e soprosas, isto é o falsete grave, outro exemplo legal é o Luther Vandross (video4 em 6:10), que apesar de ser famoso pelos agudos, faz um falsete grave inigualável quando emite notas baixas. Note que estes cantores mudam muito as características da voz quando emitem, é assim mesmo, nossa mania de manter a mesma construção de voz do médio para o grave faz a voz soar estranho.
          ATENÇÃO: nada aqui é via de regra, cada voz se comporta de maneira diferente dentro de cada técnica, por isso a importância de fazer aula com um professor bem preparado para instruí-lo, estou apenas dando dicas de como emitir graves de forma simples e segura, mas você pode buscar formas saudáveis que se encaixem melhor a sua voz.
          Há outros estudos relacionados a voz grave, mas este aqui é mais interessante para começo de conversa e mais ideal para canto popular.

Espero que seja útil, que Deus os abençoe...

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Emissão Vocal

Um dos temas que mais gosto da Técnica Vocal Básica é EMISSÃO VOCAL, pois em minha opinião, é a coisa mais incrível que existe em nosso aparelho fonador.
Acho maravilhoso entender que a maneira de abrir a boca e de posicionar os músculos desta região pode ser determinante para definir o resultado desejado da voz, e se formos estudar a fundo veremos que há inúmeros recursos neste tópico, porém não pretendo me estender por aqui, foquemos nos princípios básicos, para que fique bem entendido.
Há quatro formas de emissão vocal, são elas...


1 EMISSÃO BRANCA: não tem nem graça estudarmos isso; esta, nada mais é que a voz falada, em que não há preocupação com o posicionamento da voz, projeção, potência, brilho e/ou beleza, simplesmente soltamos e por isso recebe este nome, não tem sequer cor. Não podemos deixar de falar nela pois se repararmos bem, alguns cantores principiantes tem uma voz falada forte e na hora de cantar a voz some, então devemos nos aproveitar daquilo que há de bom nesta emissão na hora do canto também.
2 EMISSÃO CHATA: ou voz chapada. Quando chapamos a voz a projetamos para frente, ou seja, trabalhamos os ressonadores de máscara, voz chata justamente por conta da posição da língua (achatada) e da oclusão sorridente. Diferente da emissão branca trabalha-se os ressonadores frontais (máscara). É melhor de se trabalhar esta emissão em agudos.
3 EMISSÃO REDONDA (COBERTA): voz operística. Quando arredondamos a voz, trabalhamos o vocal melódico, é como se tivéssemos um ovo na boca, pois seu formato fica oval. A voz assume uma qualidade mais requintada e bem posicionada, perfeito tanto para graves, médios e agudos.
4 EMISSÃO SOMBRIA (OPACA): voz lírica. Já a voz sombria além de ser vocal operístico e melódico, o fundo da garganta é contraído e a laringe é rebaixada, dando à voz um timbre escuro, e cheio de metálico, resultando na impostação de voz lírica. Para este resultado, simulamos um tipo de bocejo durante a emissão, percebe-se uma potência maior do que nos outros modelos anteriores, porém aumenta também a dificuldade de se executar com perfeição.

Além destes, nada impede de misturá-los, criando novos efeitos e resultados. Aconselho a ouvir Rachelle Ferrel, é uma cantora que trabalha muitas coisas de uma vez só em suas músicas, um de seus álbuns chama-se “First Instrument”, ou primeiro instrumento, provavelmente porque ela entendeu que a voz é um instrumento como outro qualquer e que deve ser usado (de forma correta) em todas as suas possibilidades.
Para entender tudo isso na sua voz, procure um profissional da técnica vocal e descubra tudo o que sua voz tem a lhe oferecer.
Espero que seja útil, que Deus os abençoe...

sábado, 31 de agosto de 2013

A Principal Base da Técnica Vocal: Respiração

          Sempre que iniciamos um estudo de canto ou técnica vocal, o primeiro assunto é respiração, e aí se entra sempre em respiração diafragmática, e todo cantor, por menor que seja seu nível técnico, sabe pelo menos o conceito que este termo carrega consigo. Isso é bom, sinal de que aprendemos uma grande base do cantar bem, porém este é um assunto que gera alguns conceitos distorcidos, um deles é de que respiração diafragmática é a respiração para cantar, e outro pior ainda é que é a forma de respirar pela barriga...
Imagem representativa do músculo em questão:
diafragma
          Respiração diafragmática é a maneira correta do ser humano respirar, pois se observarmos, até o cães utilizam o diafragma durante a respiração. O diafragma nada mais é que um músculo que se encontra entre os pulmões e o abdômen, ao esticarmos este músculo os órgãos contidos na barriga vão se exprimindo e por isso ela se estufa, mas o ar vai para os pulmões, pois neste momento eles estão sendo expandidos para baixo. O ser humano seguiu um pensamento lógico de que se o ar vai para o pulmão, devemos estufar o tórax, assim o diafragma foi entrando em desuso, e quando começamos a utilizá-lo parece incomodo, porém basta algum tempo utilizando-o e percebemos uma melhora na qualidade de nossa respiração.

          Vantagens da respiração diafragmática:
1º O pulmão é mais expandido ao utilizarmos o diafragma, aumentando nosso espaço interno para armazenamento de ar;
2º O ar permanece por mais tempo no nosso organismo, evitando que passe pela garganta frio causando choque térmico;
3º O diafragma é um músculo como qualquer outro, portanto controlável, e o controle respiratório é essencial para se cantar bem, uma vez que precisamos controlar quantidade e intensidade da pressão do ar ao mesmo tempo.
outras...

          Lá no começo eu disse que um dos conceitos errados que formamos é de que a respiração diafragmática é a respiração para cantar, este conceito está errado porque como já foi dito é a respiração de TODO ser humano respirar, já o cantor, especificamente, deve utilizar o apoio diafragmático, ou seja, forçar o músculo um pouquinho mais que o normal, pois uma pessoa que utilize o diafragma corretamente deve abaixá-lo cerca de 2 ou 3 centímetros da posição normal, já o cantor chega a movimentá-lo cerca de 10 centímetros, criando assim, não uma simples respiração, mas um modelo técnico de respiração, pois estamos tratando de Técnica Vocal, não simplesmente de canto.
          Além disso, o cantor pode utilizar de outros recursos durante seu apoio, como os músculos abdominais, os músculos da perna, das nádegas, do braço, enfim, há inúmeras possibilidades no corpo humano para que se cante sem prejudicar as pregas vocais, basta aprender e por em prática.
É importante lembrar que o apoio diafragmático, é utilizado apenas para uma execução de canto simples, o cantor deve trabalhar outros modelos técnicos de respiração um pouco mais avançados e complexos de acordo com sua necessidade, que só se pode aprender fazendo aula.
          Por enquanto você pode começar assim:
1. inspire inchando a barriga;
2. expire murchando a barriga;
3. depois de um tempo já acostumado com este exercício, você começará a sentir o famoso diafragma se movendo, ai chega a hora de forçá-lo um pouco mais até que se torne uma respiração verdadeiramente técnica...

Que Deus os abençoe...

terça-feira, 4 de junho de 2013

Aquisição de Agudos

Já fui questionado algumas vezes por amigos sobre como cantar notas agudas sem forçar a voz e de maneira bonita, então decidi publicar aqui como eu faço para emitir notas agudas.

Primeiramente vou dizer que cantar agudo é saudável, nossa voz se desgasta menos em notas agudas quando utilizamos de maneira correta, pelo simples fato de que nossa emissão fica mais distante da voz falada e portanto mais bem colocada na ressonância*, dando mais brilho à voz e uma projeção mais perfeita. Mas é NECESSÁRIO entender que isso só acontece quando cantamos de maneira correta, quando nosso registro agudo já esta construído, então vamos falar sobre a construção de agudos.
Fique claro que não se constrói agudos com potência logo de cara, infelizmente muitos desistem de fazer aula de técnica vocal porque pensam que o professor vai colocar a mão na garganta da pessoa fazer uma oração "poderosa" e vai sair um Pavarotti dali; confesso que também gostaria que fosse assim, mas não é, por isso gosto de usar a palavra CONSTRUÇÃO da voz, para que fique claro o quanto se trata de um processo lento e que se tivermos paciência teremos resultados bem mais eficazes.
Apesar de já ter um bom tempo de técnica vocal, eu tenho a consciência de que minha voz acabou de sair daquela faze de adolescência em que nós homens nos calamos para não passar vergonha, portanto não há possibilidade de que minha voz já esteja perfeitamente construída, ainda preciso estudar muito.

Se quiser ir ensaiando enquanto não começa a fazer aula de verdade, faça da seguinte maneira:
  • Cante uma nota confortável e vá subindo fazendo uma escala de 3 notas ligadas em apenas uma vogal, na terceira nota prolongue a emissão por mais tempo (Ô, Ô, ÔÔÔÔ...);
  • Feito isto, suba meio tom e refaça o exercício, conforme o tom vai subindo vai aumentando a dificuldade, mas mantenha a suavidade sempre, e sem esperar o ar acabar e ficar com o rosto vermelho ou com as veias pulando para fora do pescoço, isto não é saudável;
  • Deixe as notas soarem de maneira que você sinta uma vibração no céu da boca, e como se as pregas vocais não estivessem fazendo nenhum movimento;
  • Sua gargante deve estar livre para passagem de ar, não a pressione pensando que este esforço servirá de auxílio, pois ele só vai te atrapalhar;
  • Se ajudar simule um bocejo para deixar a garganta livre e relaxada;
  • Não aplique força nem no pescoço nem no maxilar, relaxe-os o máximo possível, é comum colocarmos força neles ao cantar agudos, mas corrija pois este hábito pode causar lesões;
  • Comece fazendo em notas de pianinho (C, D, E), conforme for ficando fácil, transfira para tríades (C, E, G), caso isto tenha ficado confuso, procure o músico mais próximo.

Se você fizer usando força desnecessária, enfrentará problemas sérios, portando vou repetir, mantenha a suavidade e procure primeiro a beleza de timbre, só quando estiver COMPLETAMENTE seguro nas notas, aumente de pouco em pouco a potência. Tenha sempre paciência, pois é um processo lento, mas eficaz.

Espero que tenha sido útil, Deus os abençoe...

*Ressonância foi explicada na postagem anterior.

O que é Ressonância?

É comum ouvirmos dizer que a maneira certa de cantar é colocando a voz na ressonância, mas o que é ressonância?
Vou dar um exemplo prático: pense em um violão. Por que é que ele tem um "buraco" no meio do seu corpo e um espaço vazio dentro? A intenção é que o som produzido pelas cordas entre naquele "buraco", seja amplificado e mandado de volta para fora com mais potência e brilho, é igual quando enrolamos um papel formando um cone e falamos com ele na frente da boca só para irritar a professora, isso é o princípio da amplificação do som por meio da ressonância. A guitarra elétrica é amplificada, mas por impulsos elétricos de um amplificador que se conecta a energia.
Podemos concluir então que um som só fica bonito e forte quando é amplificado de alguma maneira, aí você pode até pensar que o microfone existe justamente para isso, mas devemos nos lembrar dos cantores de ópera, seus ouvintes estremessem dos bancos com a projeção que a voz deles tem e eles NÃO USAM MICROFONE, porque usam a amplificação por meio da ressonância.

Deus criou o instrumento voz da maneira mais perfeita possível, é inacreditável como Ele pensou nos mínimos detalhes. O corpo humano tem cavidades em seu esqueleto que ficam vazias justamente para que possamos impulsionar o ar durante a emissão vocal à estas regiões para que ali o som seja amplificado e saia com grande potência, por isso muitos profissionais da voz sempre falam que devemos "tirar a voz da garganta", o som produzido pela laringe é quase insignificante, e a ressonância o preenche.
Nossos principais ressonadores se encontram no crânio: região nasal, região da testa, região da cabeça, palato (palato duro e palato mole), e podemos considerar a linguá e a boca como ressonadores também uma vez que sua posição pode alterar completamente a qualidade do som.
Segue abaixo uma ilustração que clareará essas ideias na sua cabeça:

Cantores que possuem vozes agudas utilizam-se dos ressonadores de mascara, que são as cavidades nasais e do sínus (onde fica o muco quando estamos com sinusite), sentindo a emissão da voz no palato duro. Já os cantores graves devem sentir a voz no palato mole e ressonar na região occipital (fundo da cabeça) para que o som fique potente sem sentir raspar a garganta.

A melhor maneira de exercitar ressonância é através do HUMMING, que nada mais é que produzir um zumbido com a boca fechada, que força o som a ressonar na cavidade nasal, o ideal é cantarolar uma melodia fácil como "Parabéns pra Você" ou "Três Palavrinhas Só", é notável até mesmo uma melhora na voz falada após fazer este exercício. Tente e verás.

Ensaie bastante e cante muito para honra e glória de Deus, que Ele os abençoe.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

FALSETE versus VOZ DE CABEÇA

Está aí um assunto que gera muita discussão e dúvidas, decidi então esclarecer de acordo com o meu entendimento do assunto, espero ser claro e objetivo.
Gostaria de deixar claro que não tenho intuito de elevar uma técnica e rebaixar a outra, embora o título possa dar esta impressão, são técnicas distintas, seu uso ou desuso acontece de acordo com o gosto do intérprete.

       Primeiramente devemos pensar na origem da palavra FALSETE, que vem do italiano falsetto, que significa falso tom ou falsa nota, daí já temos um clique: é a técnica em que emitimos notas que não fazem parte da tessitura natural do cantor, pois apenas metade das pregas vocais vibram e a outra metade se fecha (daí o som cansado uma vez que o ar não sai com naturalidade), é por isso que os cantores iniciantes só conseguem emitir notas agudas utilizando o falsete e após adquirirem experiência cantam naturalmente sem recorrer a ele, a menos que deseje utilizá-lo em dado momento, até porque não podemos desconsiderar a beleza de tal técnica.
Há uma pequena desvantagem em cantar falseteando: quando se acostuma demais com a técnica, pode se tornar um vício e fica difícil cantar as mesmas notas em voz natural, o que pode deixar a impressão de uma voz fraca e cansada pela grande vazagem de ar. No canto tudo deve ser moderado.

       Já o HEAD VOICE ou a VOZ DE CABEÇA, deve ser pensado como um registro vocal, que se liga perfeitamente ao chest voice (ou voz de peito) sem quebra de passagem de registro. É notavelmente diferente do falsete uma vez que o som permanece forte. Quando um cantor consegue construir sua voz de maneira a passar da voz de peito para voz de cabeça sem o intermédio do falsete, torna-se uma voz cheia do começo ao fim da extensão.
       É importante ressaltar que, é impossível emitir falsete em voz de cabeça, uma vez que a prega vocal fica muito tensionada, e no falsete a prega vocal vibra apenas pela metade.
        Na voz masculina fica fácil diferenciar falsete e voz de cabeça uma vez que para o homem não é comum cantar na ressonância aguda, então ao utilizá-la da até um susto, é realmente impressionante*. Já a voz feminina é naturalmente aguda, e fisiologicamente diz-se que a mulher não emite falsete, portanto consideramos falsete quando a mulher não imposta a voz em notas agudas ou quando utiliza a técnica Whisper (voz de sussurro).

Como diferenciar auditivamente os dois?
  • Falsete, como já foi dito, trata-se de notas falsas, e isto fica evidente quando percebemos que ao passar da voz de peito para falsete: o som fica perceptivelmente mais fraco, há uma grande vazagem de ar e há um quebra de passagem que fica horrorosa se não treinarmos nossa voz;
  • Head Voice, tem uma passagem de registro perfeita;
  • O som do falsete é naturalmente fraco e cheio de ar;
  • Head Voice tem um som cheio e forte, pois trata-se de voz plena.
O que fica é que são técnicas distintas, são aplicadas de maneiras distintas, quer saber como encontrar cada uma na sua voz? Faça aula de técnica vocal e utilize moderadamente de uma maneira contextualizada a interpretação da música, um cantor deve sempre procurar agradar os ouvidos daqueles que o ouve.
Espero ter esclarecido, qualquer dúvida comente aqui em baixo.
Deus os abençoe!